Dedico este texto a
todos aqueles que já se sentiram tristes e desmotivados com as rotinas, a
pressão e as injustiças.
Nada disto é pouco,
mas tudo isto pode ser vivido de forma diferente.
Acorda de manhã.
Toma um duche.
Prepara e toma o pequeno-almoço.
Limpa os vidros do carro plenos
de orvalho.
Põe o carro a trabalhar e liga o
rádio.
Arranca para o emprego.
Trânsito.
Radio.
Trânsito.
Chega tarde.
Estaciona.
Marca o ponto.
Sobe as escadas.
Liga o computador.
O telefone toca e começa o dia, mesmo
antes do aroma do café inspirar a manhã.
São assim os inícios de muitos
dos nossos corridos dias…. Quando não há filhos e/ ou maridos para acordar,
orientar…
É tudo tão mecânico.
“Tudo tão fugaz e tão breve”,
como a música da Mafalda Veiga..
Se o foco não está no presente,
nem nos apercebemos do que fazemos… é uma espécie de modo de sobrevivência em
piloto automático.
Acrescemos a estas manhãs a
desmotivação no local de trabalho, a falta de ética, as pessoas que deixam de
ser gente…
Num mundo tão complexo, entre
máquinas de gente tóxica e má, o que será que nos resta?
Os nossos valores.
As nossas crenças.
Os afectos.
As músicas da nossa vida.
As fotografias de entes queridos.
Os livros.
As nossas histórias.
O material de escritório
diferente.
Uma vida para além do trabalho.
O equilíbrio do corpo e da mente.
Boa alimentação.
Bom sono.
Exercício físico.
Saidas com amigos.
Gargalhadas.
Sonhos.
Tudo o que nos faz bem nos deve
rodear antes de entrarmos na nossa bolha de actimel.
É ela que nos protege das demais
agruras deste quotidiano.
Essa fortaleza que vem de dentro,
que se inspira e respira deve ser o nosso forte, o nosso ninho, o berço de
rituais simples e sagrados: um bom banho, onde agradecemos a água que lava as
nossas impurezas; uma refeição equilibrada, com vegetais/ verduras… um
apontamento da mãe-terra à nossa mesa, regado com azeite; uma meditação
tranquila e profunda para nos fortalecermos…
Há todo um equilíbrio à nossa
espera.
Há todo um mundo bom que podemos
trazer connosco para que os princípios dos nossos dias deixem a ilusão da
brevidade.
O despertador toca meia hora mais
cedo do que é habitual.
Abre-se a janela para a luz do
dia entrar e acordar todo um quarto da noite caída.
A roupa da cama respira ar
fresco, enquanto se toma um duche com sabores de frutos silvestres.
A mesa do pequeno-almoço está
preparada da noite anterior: uma toalha simples, com detalhes étnicos é
preenchida com pão de sementes, manteiga biológica, geleia caseira e fruta da
época.
No fogão, está cevada a aquecer.
Os cereais alimentam e confortam
a manhã.
Há tempo para tudo.
O dia está apenas a começar… e o
espírito de um bom dia começa sempre com a crença que tudo irá correr bem.
A vida, parece-me, é demasiado
valiosa para resistirmos e sobrevivermos.
Entra no carro, com a roupa que
quis preparar para esse dia.
Tudo organizado e feliz.
Deixou de haver trânsito.
A companhia da rádio faz sorrir.
Entra na empresa e saúda o
porteiro e os demais colegas.
Enquanto o computador arranca do
seu estado letárgico da noite, convida-se um colega para tomar café.
Encontram-se mais pessoas no corredor
e ouvem-se mais “bons dias”.
O contágio do que é bom entra na
janela como um raio de sol, mesmo que o dia seja de chuva.
E é esta a verdadeira vida: a que
se sente e nos chega do interior do coração!
Sejam felizes!
Inês Monteiro